"Quais mistérios existem nas matas e florestas distantes, onde praticamente não existe presença humana alguma?
Quais criaturas poderiam estar presentes nesses locais como que em vígilia constante, obsrevando invisivelmente quem se aproxima?"
O Relato a seguir descreve como isso pode acontecer!
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Este caso se passou a muitos anos atrás, numa região rural do Maranhão, caso que minha mãe conta nos dias de hoje como sendo verídico, afirmando convicta que este caso aconteceu com meu bisavô, homem destemido e cético.
Era uma noite de lua bonita. Antonio (meu bisavô) estava em sua barraca feita na beira do rio a pastorear suas melâncias, pois era comum arruaceiros entrarem nas barracas improvisadas, seja para saquear ou simplesmente pisootear todas as melâncias.
Antonio também era pescador e dos bons. Naquele dia tinha pescado alguns peixes vistosos e avantajados.
Sua mulher Maria gostava de preparar os maiores e se encontrava a alguns quilômetros da plantação na casinha de pau a pique embrenhada naquelas matas do interior do Maranhão.
Era noite, por volta das 23:00', quando Antonio decidiu ir para casa.
Preparou então um cambo de peixes, os maiores, e os levaria para sua esposa Maria, e aproveitaria para dar uns beijos na velha esposa, pois a saudade estava arroxada.
Seu companheiro de cabana lhe alertou:
-Antonio, homem de Deus, sossega aqui, não te mete no meio desta mata pois já é tarde da noite.
Na zona rural 23:00' já era um horário bastante avançado.
Mas Antonio não deu ouvidos e decidiu ir de encontro a sua Maria.
Preparou o Colim (Facão grande), deixando-o na cintura no lado esquerdo, e o cambo de peixe estava metido em um cacete de madeira que ele trazia nos ombros. Chapéu de palha na cabeça, alpergatas de couro nos pés cansados, e pronto! Antonio se embrenhou no meio da mata virgem.
Estava Antonio a caminhar naquelas matas com a noite apenas começando, e a lua estava bonita, cheia e mal se podia ver seus raios de luar pois a mata virgem com suas árvores altas, faziam um telhado com sua cópulas, sendo vez ou outra que podia-se ter um clarão de luar.
E ele seguia lá na trilha com seus passos largos no silêncio daquelas matas.
A certa altura, de repente ao passar por um tronco de árvore que estava caído na estrada (esse tronco já existia ali a muito tempo e marcava praticamente a metade do caminho.
Mas continuando, quando Antonio passou por aquele tronco, ele sentiu algo estranho.
A primeira sensação foi de arrepio, ele não sentia o chapéu em sua cabeça, e a mão que estava segurando o cacete com o cambo de peixes estava suando e adormecendo, a outra mão estava segura no colim (facão), e naquele breu da mata fechada, Antonio não ousou olhar para traz.
A única certeza que ele tinha era que algo o estava acompanhando com os mesmos passos largos que ele fazia, e estava tão próximo que ele pode sentir a baforada em sua nuca.
Antonio caminhava, e alguém estava andando bem atrás dele.
A certa altura ele resolveu parar, e naquele caminho de Piçarra (mistura feita com pedra, areia e terra; cascalho) ele ficou um instante parado, pensando ele que se fosse alguém iria seguir adiante, pois Antonio estava dando passagem.
Qual não foi sua surpresa quando seja lá o que for que estava atrás dele, parou também.
Antonio não teve coragem de olhar para trás, ele sabia que ia ver algo, mesmo sendo destemido e cético, ele apavorou, pensou em conversar mas não teve coragem, pois sabia que iam responder.
Estava se sentindo mal, todo dormente e quase sem forças de continuar na trilha.
Seguiu adiante, e lá na frente avistou o curral de seu irmão João.
Foi então caminhado até chegar na porteira, e lá chegando Antonio montou nela e ficou alguns instantes, ali naquela noite escura montado em uma porteira de curral, com sua mão no facão e seus peixes nas costas.
O sangue foi aos poucos esquentando nas veias e o que o estava seguindo simplesmente desapareceu.
Depois de alguns instantes Antonio seguiu mais sossegado.
Quando chegou em casa, contou a experiência para sua esposa que o advertiu em não fazer mais aquilo, sair sozinho a noite naquelas matas.
Dizem os mais antigos que os animais bovinos afastam qualquer presença ruim, ou que não esteja mais deste mundo e que montar em uma porteira ou trazer uma faca em meio aos dentes, são algumas formas de defesa que os antigos acreditavam.
Passada esta experiência, naquele mesmo lugar, naquele tronco caído do qual Antonio sentiu uma presença começar o acompanhar, uma viúva mãe de oito filhos, pobre e sofrida achou uma botija de dinheiro.
Na verdade esta é uma outra historia que irei contar depois.
A explicação sobre a experiência pela qual meu bisavô passou, seria talvez de que algum ser do além queria ensinar para ele onde estava aquela botija de dinheiro para poder se desprender deste mundo.
Naquela época era comum as pessoas enterrarem dinheiro, e dizem que depois que ela partissem desse mundo, ficariam vagando até ensinar para alguém que necessite o local correto para desenterrar.
Mesmo sendo meu bisavô um caçador e pescador destemido, naquele dia ele sentiu que existem coisas inexplicáveis neste mundo.
Obrigado a todos!
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Sêmeli Correa - Maranhão - Brasil |
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